ENCONTRO MARCADO: COM PAULO VITOR.
Em um lugar muito longe do Brasil, óbvio, existe uma época em que quando vira noite, o céu não escurece. É um fenômeno muito lindo e “misterioso” para os cientistas de plantão. No nosso primeiro encontro nós falamos sobre gêneros de webs, o famoso elemento “Quem Matou”, Avenida Brasil e Salve Jorge e autores consagrados. Além de termos a honra de saber a opinião da autora Mary Princess sobre cada uma dessas questões “novelescas”. Hoje eu resolvi convidar um autor inédito. Ele é colunista do CDO e atualmente está escrevendo uma NOVELA. Isso mesmo, uma novela de 30 páginas aproximadamente por capítulo e em formato roteiro. Antes de começarmos o nosso Talking Show, eu gostaria que vocês prestassem atenção na sinopse a baixo:
“Esta obra conta sobre um homem rico e poderoso, com grande influência sobre diversos governos de todo o mundo, Harry Stanford, o patriarca de uma família em decadência. O romance começa quando Stanford morre em circunstâncias suspeitas, logo após anunciar intenção de modificar seu testamento. Depois do funeral, a reunião da família é interrompida pela chegada de uma linda jovem que alega ser filha do empresário e reivindica uma parte de sua formidável herança. Enquanto isso, o advogado nomeado como testamenteiro começa a investigar a morte de Stanford e a tentar descobrir quem tem direito à herança. Mas essa tal jovem é uma irmã forjada por um dos herdeiros que queria receber a maior parte da herança . Tyler, um juiz, que maldosamente decide pegar uma moça que lembrava os olhos da família e fazê-la se passar por Julia Stanford com o intuito de obter maior parte da herança dela e deixá-la com uma pequena quantia devida a sua interpretação.”
(Sidney Sheldon: Manhã, Tarde e Noite – Fonte: Wikipédia)
A obra acima é um dos Best-Sellers do escritor e roteirista americano, Sidney Sheldon, vocês já devem ter ouvido falar dele. Eu sou fã declarado. O homem escrevia com sentimentos, fatos e fazia os leitores ficarem vidrados. Na verdade ainda faz, por que seus livros são muito vendidos até hoje. Assim como o livro Manhã, Tarde e Noite, a trama “Noite Preta”, escrita por Marcos Tand tem grandes chances de se tornar um Best-Seller. Tand além de autografar a novela, ele é colunista no CDO e faz jornalismo.
Tand é um prazer recebê-lo como meu segundo convidado de honra, espero que nosso Encontro seja ainda mais produtivo que o anterior, podemos começar?
R: Claro. Primeiramente olá á todos que acompanham essa ótima coluna que é o “Encontro”, bem melhor que o da Fátima Bernardes, diga-se de passagem (risos). É um prazer estar aqui.
Ontem à noite, eu dei uma lida no primeiro capítulo de Noite Preta, e particularmente gostei muito, pretendo até continuar lendo. A trama é vampiresca e gira em torno da maldição de Klaus e da ligação entre ele e Angélica, além dos demais núcleos que chamam bastante atenção. Tand, antes de você desenvolver uma trama, quais elementos você busca acrescentar e quais elementos você não acrescenta?
R: Essa parte pra mim é um tanto peculiar. Eu tenho uma visão muito particular de ver as coisas e de como eu as retrato na escrita, seja ela um roteiro ou não. No meu processo criativo eu busco sempre colocar uma pitada de cada gênero que eu julgo essencial em uma obra audiovisual ou literária. Em “Noite Preta” eu aposto muito no amor errado dos protagonistas, em aventura envolvendo todos os personagens, segredos e numa linguagem jovem. Procuro trabalhar o aspecto jovial de cada personagem mesmo que não seja esse o seu perfil. Deixar a trama ágil, contar a história como quando eu estou no “Café Literário” batendo papo com os amigos. Criar tipos pelos quais o público sinta empatia, “gente da gente”. Nesse atual trabalho estou tentando levar a linguagem de série ao clássico gênero dos folhetins. Pretendo fugir do pastelão sem nexo e forçado, apostando no humor inteligente. Sem contar que suspense e cenas de perseguição são a minha cara, já que por mais que eu goste de todos os tipos de filme, os de terror/suspense são os meus prediletos, ainda mais se forem os clássicos: dos bem antigos até os do fim da época de ouro que são os da década de 90.
Em 1991 a Rede Globo fez muito sucesso com Vamp, assinada por Antônio Calmon. E onze anos mais tarde, o mesmo autor escreveu outra novela sobre vampiros, intitulada, “O Beijo do Vampiro”, que não fez tanto sucesso como a anterior. Visto esses pontos e analisando ambas as tramas, a seu ponto de vista, o que faltou para O Beijo do Vampiro cair na boca do povo como Vamp?
R: Pra começar, toda a história! (risos). Se é pra fazer uma análise do meu ponto de vista, vamos lá: A trama de 1991 tinha todo aquele clima e ingenuidade do fim da década de 80. Filmes “B” e Trash’s estavam em alta. Vamp tinha um enredo muito forte para o horário das sete, mas esse era mascarado pelo núcleo de duas famílias. A primeira tinha 15 membros entre mãe, pai, filhos e avó, sem contar os agregados. Esse núcleo refletia bem a relação familiar. Pais e filhos tinham conversas abertas sobre qualquer tema o que facilitava muito a identificação do público jovem com os adolescentes da novela. Aquela mesa de café da manhã e almoço bem farta e cheia de gente; aquela bagunçinha gostosa que muita gente só tem no natal.
A segunda família era barra pesada. À sua maneira, os Matosos eram um dos pontos altos da novela, com aquela forma macabramente hilária de conversar sobre assuntos do cotidiano. Eram vampiros atrapalhados que abusavam do politicamente incorreto. A censura não existia para eles. O vilão da novela era terrível e com um ácido senso de humor. A mocinha era cantora de rock, uma “dark vamp”. Tudo saia do convencional. Vamp tirava sarro de si própria com piadinhas nas entrelinhas, sobre o texto, a história e os “defeitos especiais”. Algumas cenas da novela são o conjunto de direção, interpretação fake e “defeitos especiais” puramente propositais, só pra novela ficar trash ao extremo.
Já “O beijo do vampiro” pecou por seguir a mesma receita “feijão com arroz” das novelas digamos que, normais. O protagonista era um criança, as tramas eram fracas. Nem o elenco de peso conseguiu salvar a novela. Eu sempre brinco dizendo que foi a Xuxa escreveu (risos). O grande mal foi realmente a história e a falta de personagens carismáticos, emblemáticos. Faltou um Vlad pra tocar o terror, uma Natasha pra glamourizar, um texto desafiador. Porém, há que se reconhecer que “O Beijo do vampiro” foi prejudicada pela censura que voltou com força total no começo dos anos 2000 e pelas tramas infantis cativantes exibidas pelo SBT.
Resumindo, eu sou um Vampmaníaco declarado! Tanto que gravei em 36 DVD’s todos os capítulos da reprise integral do canal a cabo VIVA. Sempre que estou triste, eu me refugio na cidade de Armação dos Anjos e vou ao encontro de minha adorada Natasha (risos eternos).
A cantora Vangel Leonel escreveu a música “Noite Preta” para ser tema de abertura de Vamp. Houve algum tipo de inspiração sua em relação à Vamp e o tema musical da novela?
R: Pra te dizer a verdade na casa da minha avó (interior do TO) tinha um disco de VAMP, e eu com uns 10 anos, aproximadamente, achei aquela mulher da capa muito parecida com a Isabella que eu gostava quando vi a reprise de “A Próxima Vítima”. Perguntei pra minha mãe sobre e ela me explicou que era mesmo Claudia Ohana. Eu escutei o disco todinho! (sim a vitrola da casa da minha vó ainda funciona) Dentre tantas as músicas, o tema de abertura da novela foi o que mais me chamou atenção. O disco perdeu-se, mas a música continuava na minha cabeça. Depois de um tempo, numa fase meio difícil da minha vida eu comecei a escrever e o que me inspirou foi a música. A partir dela foi criada toda a história central de “Noite Preta”. Não me inspirei na novela, pois ainda não tinha visto. Consegui depois com um tio distante umas fitas da mesma que ele havia gravado (era costume na época, gravar as coisas em VHS). Mas só vim acompanhá-la mesmo na reprise do canal VIVA.
Mudando um pouco a rota do nosso assunto... Hoje em dia o desinteresse do público por novelas é grande. Um grande exemplo disso é a comparação da audiência de uma novela Global atual com uma dos anos 80. Digamos que esse mundo está em crise e precisamos de novos autores para poder salvar a teledramaturgia brasileira. Ao seu ponto de vista como estudante de jornalismo e colunista do CDO, qual deve ser o motivo por essa “crise” no mundo das novelas?
R: Na minha humilde opinião, creio que a expansão do “maravilhoso mundo virtual” tenha contribuído para tal fato. Sem contar que a qualidade das novelas caiu muito de uns tempos pra cá, pois alguns autores simplesmente não se renovam, só trazem mais do mesmo. A nova safra que tem trazido obras gratificantes para a telinha são os competentes: Maria Adelaide Amaral, João Emanuel Carneiro, Walcyr Carrasco, e adupla Duca Rachid e Thelma Guedes.
Os autores precisam ouvir mais o público e deixar de escrever novelas nos padrões antigos. Vamos comparar as inovadoras AVENIDA BRASIL e CHEIAS DE CHARME com o remake (que não teve nada de atual como prometido) de GUERRA DOS SEXOS. O público quer se ver, se identificar, participar da novela sabe. Esse é um dos grandes erros de SALVE JORGE, que demorou muito para bater seu primeiro recorde de audiência; agora a Glória acertou o tom policial da trama, ainda que de vez em quando ela praticamente chame o telespectador de burro com cenas absurdas e inverossímeis. Não se pode comparar a audiência de duas décadas distintas, aliás, eu acho que deveriam ser reavaliados os critérios de audiência da TV.
Noite Preta- Sinopse:
“Quando a noite é preta, amor se escreve com sangue.”
Klaus e Angélica se conheceram a pouco tempo, e apesar de não ter sido amor nem á segunda vista, acham que são almas gêmeas.
Klaus então resolve dar uma festa para sua amada, um pedido de “namoro eterno” disfarçado. Ela aceita, mas não contava com outro presente que lhe transformaria para sempre: a vida eterna.
Sim, Klaus é um vampiro e desde bebê, pois foi amaldiçoado por uma mulher, desafeto de seu pai. A maldição da “Noite Preta” é uma condição com a qual ele já se acostumou. Ele não é mau, só quando é obrigado a matar para se alimentar. O quê? Sangue de animal? Só se for pra fazer a batida que revitaliza a pele fria e morta e a protege do sol.
Angélica não perdoa Klaus pelo “presente” recebido, o “beijo de fogo” foi mais que ardente, queimou a alma da moça loira. Exótica, ela não tem medo de ser feliz, e tenta esquecê-lo de todas as formas. Conhecendo seus novos dons, ela vai conseguir provar pra todos que dentro de “muita carne” e sensualidade, habita mais que uma vampira, uma mulher forte, que não cansa de lutar por amor.
Tentar esquecer Klaus não será fácil, até mesmo porque ele fará sempre questão dela se lembrar, seja como for. Rafael será a arma de Angélica para se enganar, esquecer, deletar esse amor que tanto a fez sofrer. Será que ela consegue?
Rafa, um caçador de vampiros disfarçado de investigador policial, agirá na cidade por baixo dos panos, sem enxergar que se relaciona com desses seres noturnos.
Em contrapartida está Maísa, a fútil e metida arquiteta que não vai descansar enquanto não tiver o coração de Klaus. Sempre teve tudo o quê quis, porque ele não?Essa vai dar trabalho!
“O Quarteto das desilusões amorosas” aguarda você, pra te fazer suspirar, gritar, odiar, amar, vibrar, sofrer e sentir cada mínima e intensa emoção que esta obra transmite.
Divirta-se.
A "pacata" e fictícia Arautina de "Noite Preta". |
Infelizmente tivemos que encerrar o nosso encontro, mas os leitores ficaram com a sinopse de Noite Preta e quem estiver interessado é só comentar no home da coluna que forneceremos o link da página da novela. Eu agradeço a todos os leitores que acompanharam e até sábado que vem.
Tand eu gostaria que você usasse o espaço abaixo para nos dizer seus segredos para escrever uma boa coluna, uma boa webnovela, quais seus métodos para instigar o leitor, elementos que você não usaria em uma trama sua e seus projetos futuros. Fico grato por você ter aceitado o convite e até a próxima!
R: Eu é que fiquei muito feliz com o convite, estou realmente grato pelo carinho. Acho que o segredo para se escrever uma boa coluna é você falar do que gosta, com a sua linguagem sempre pensando no público. Já uma novela não tem segredos, o negócio é arriscar, se auto desafiar, tentar fazer algo diferente mesmo em cima do que já foi trabalhado. Mexer com suas emoções mais profundas, para que seu texto transmita isso. Contar uma história todos contam, o diferencial está na forma que você faz isso.
Mais uma vez quero agradecer á você Paulo, pela honra dessa entrevista e pela oportunidade. Espero nos encontrarmos mais vezes. Um abraço em todos os leitores da coluna, espero também que acompanhem “Noite Preta” e minha coluna no CDO. Até mais.