quarta-feira, 19 de março de 2014

ESSE EU VI: !CURTINDO A VIDA ADOIDADO!


"Bueller...Bueller...?"

Um sobrenome que se destacou como neon na década de oitenta e se mantém consagrado até os dias de hoje. Dia desses fui na Loja Americanas aqui perto de casa e como sempre faço, logo que entro vou direto à sessão de DVD's. Chegando lá, havia uma prateleira enorme de clássicos de décadas passadas, porém uma em edição de colecionador me chamou muita atenção. Não, eu ainda não tinha o Box "supra-sumo" de CURTINDO A VIDA ADOIDADO, então o levei pra casa e só consegui assistir completo com todos os extras neste final de semana. Foi prestando atenção em cada frase, em cada take, sub-texto e interpretação dos atores que eu consegui perceber a grandeza desse filme teen que marcou toda uma geração.
A história de “Curtindo a Vida Adoidado” (1986) é simples. Ferris (Matthew Broderick) decide tirar um dia de folga da escola. Para isso, ele convence seus pais de que está doente, monta um esquema para não ser descoberto e coloca em prática uma animada programação junto com seu amigo Cameron Frye (Alan Ruck)e a namorada Sloane Peterson (Mia Sara). O passeio inclui “pegar emprestada” a Ferrari do pai de Cameron, fingir que a avó de Sloane morreu, se passar por magnata para conseguir uma mesa em um restaurante, visitar um museu, juntar-se a um desfile comemorativo pelas ruas da cidade e um banho de piscina.


Ferris não é fã de regras e sua filosofia é "aproveitar a vida antes que seja tarde". Por causa de seu carisma e simpatia, é querido por todos os colegas de escola assumindo assim um papel de líder de uma revolução que ultrapassa as telas e se reflete constantemente na vida cotidiana, efeito resultante também da marcante interpretação de Broderick falando diretamente para a câmera do genial diretor John Hughes (que também roteirizou e produziu o longa). Dentro de seu círculo social, Bueller é um exemplo, a inspiração para que os amigos consigam suportar as provações do colegial, como os professores e suas matérias "sem sentido" e os diretores carrascos. Ferris, usa todo o seu dote interpretativo (digo do Oscar, segundo ele) ao influenciar quem for preciso para conseguir seu dia de "Rei da Zueira". John Hughes escreveu um retrato bem-humorado de algumas das dificuldades, dúvidas e angústias dos jovens frente à aproximação da vida adulta. E as transgressões de Ferris servem essencialmente para abordar esses temas.

John Hughes ficou conhecido como o roteirista e diretor da juventude americana. Foi responsável por filmes como “A Garota de Rosa-Shocking”,  “Clube dos Cinco”, "Gatinhas e Gatões", "Mulher Nota 1000", "Esqueceram de Mim" etc... sempre com um pé na rebeldia dos adolescentes quanto à pressão social, a vontade dos pais, independência e a dificuldade de se encontrar. Com um texto sempre bem elaborado, os filmes de Hughes conseguem aproximar expectador e personagens. Em CURTINDO A VIDA ADOIDADO isso é ainda mais explícito e eficiente, pois o diretor utilizou o recurso de colocar o seu protagonista falando diretamente para a câmera. A quebra dessa barreira entre tela e público ocorre logo no começo do filme, quando Farris compartilha seu plano para o dia e explica suas razões. E assim, o espectador acaba cúmplice da travessura do protagonista.
A presença dos adultos acaba por criticar a juventude que cresce com pais ausentes que pensam tanto no bem familiar (ou não) que acabam mergulhando de vez no trabalho e traçando uma relação nada mais que superficialmente necessária com os filhos. Tanto que o único personagem adulto que enxerga Ferris como um "malandro" é o atrapalhado diretor Ed Rooney. Na visão dele, o "malandro" não estuda nem se sobressai, ele apenas segue se dando bem no colegial e isso é inadmissível (risos...Não consigo não rir lembrando da cena do Rottweiller).

Entre outras participações ilustres temos a antipática irmã do anti-herói, Jeanie Bueller, muito bem defendida pela ainda jovem Jennifer Grey, e também Charlie Sheen, fazendo o garoto drogado. Os dois protagonizam a hilária cena da delegacia.
CENAS MARCANTES 

São muitas, mas na minha opinião e melhor de todas sempre será a cena da parada alemã de Chicago, onde Ferris se infiltra num carro alegórico e faz uma performance de "Twist and Should" dos Beatles. Nessa cena existe uma mensagem subliminar pouco antes de Ferris invadir o carro alegórico: Sloane e Cameron estão papeando sobre o futuro e suas incertezas...
"Cameron- Eu não sei o que eu vou fazer...
Sloane- Faculdade.
Cameron- É? De quê?
Sloane- Tem alguma coisa que te interessa?
Cameron- Nada.
Sloane- Nem a mim! (risos) E o Ferris, o que você acha que ele vai fazer?
Cameron- Ele vai ser o precursor de alguma coisa!(Dublagem clássica)/ Ele vai ser cozinheiro em marte! (versão legendada)" 
CURTINDO A VIDA ADOIDADO é o clássico absoluto dos filmes teen oitentistas e nunca vai envelhecer enquanto a juventude que só quer viver o presente sem pensar nas chatices da vida adulta respirar o ar da liberdade! SALVE FERRIS! Abração.