segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

!AS "CARAS & BOCAS" DE WALCYR CARRASCO!


Pegando carona nessa onda de reprises que assola a TV brasileira, esses dias eu parei pra assistir a programação da faixa vespertina (NÃO, EU AINDA NÃO DESISTI DA TELEDRAMATURGIA TUPINIQUIM) e me deparei com uma coisa muito interessante: um painel de críticas sobre o mundo das artes misturado ao melhor do melodrama e humor pastelão. Estou falando de CARAS & BOCAS. Atualmente em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo, a novela traz um misto das principais marcas de Walcyr Carrasco, muitos bordões, personagens caricatos, barracos e um texto bem teatral. Elenco sintonizado com a energia de Carrasco aliados a direção maluca e certeira de Jorge Fernando, foram a combinação ideal para o sucesso e empatia com o público do horário. A comédia romântica, ambientada na cidade de São Paulo, apresenta a história de amor entre Dafne (Flávia Alessandra) e Gabriel (Malvino Salvador). Os dois amantes da arte, ambos de gênio forte, apaixonam-se na juventude, mas são separados pelo avô da moça, o milionário Jacques (Ary Fontoura), dono da CONTI, empresa de extração de diamantes. Temendo que o rapaz estivesse apenas interessado na herança de sua neta, Jacques arma para que os dois se afastem. Eles se reencontram anos mais tarde, mas as mágoas do passado dificultam a reconciliação.

Há 15 anos, Dafne apenas sonhava abrir sua própria galeria de arte. Financiada pelo avô, que passou a criá-la depois da morte dos pais, a jovem se matricula em um curso de pintura, onde conhece e se apaixona por Gabriel. O rapaz, um talentoso artista, ingressa no curso graças a uma bolsa de estudo, já que não tinha condições de pagá-lo. A paixão pela arte os une, mas nem isso os impedia de viver em conflitos. Ele era um machão; ela se considerava uma mulher moderna e não aceitava intromissões em sua vida. Para afastar Gabriel da neta, Jacques o convence a aceitar uma bolsa de estudos em Londres e, para tal, o milionário conta com a ajuda de sua então esposa, Léa (Maria Zilda Bethlem). Contudo, ao descobrir que Dafne está grávida, o empresário tenta desfazer a armação para transformar Gabriel no futuro administrador de sua empresa. Mas sua enteada, Judith (Deborah Evelyn), e Léa interferem sorrateiramente para impedi-lo de desfazer a situação. A razão é simples: Judith sonha assumir a empresa e não permitiria que um estranho tomasse seu lugar. Gabriel, então, vai para o exterior sem saber que Dafne está grávida e acreditando que a namorada o trocou por outro. Ela, por sua vez, tem a certeza de que foi abandonada pelo namorado, que não quis assumir a filha.
A épica cena da corrida pelos pneus.

15 anos depois Jacques desaparece deixando um testamento no qual determina-se que Dafne só terá acesso a sua fortuna se ela se casar. A partir daí, com um pretendente mais louco e improvável que o outro, Bianca resolve unir o útil ao agradável e por isso resolve procurar o pai que nunca conheceu e tentar convencê-lo a reconquistar Dafne. Porém, Gabriel e Dafne são como fogo e gasolina; apesar de ainda se amarem, não conseguem se entender como um casal "normal" e as diferenças é que dão todo o tempero dessa relação.

PINTANDO O SETE

Um chimpanzé que foge de um circo onde sofria maus tratos. Chega por acaso à casa de Denis (Marcos Pasquim) e é acolhido pelo menino Espeto (Davi Lucas). O macaco entra no ateliê do pintor e, literalmente, pinta o sete, justamente no dia em que Simone (Ingrid Guimarães) vai ao local para conhecer o trabalho do pintor. Denis fica desnorteado ao ver o “estrago” que o macaco fez, mas se surpreende ao perceber que a sócia da galeria de arte fica encantada com as obras. Aí nasce o conflito dramático. A ideia de Carrasco, ao colocar um macaco pintor, é discutir a produção de arte contemporânea. Mas em que consiste essencialmente a arte contemporânea? Ou melhor: qual o segredo da arte na atualidade? É muito mais uma questão de ética do que de estilo, para se inventar com a arte uma reflexão. Não existem estilos ou movimentos como as vanguardas que fizeram a modernidade. O que há é uma pluralidade de estilos, de linguagens, contraditórios e independentes, convivendo em paralelo, porque a arte contemporânea não é o lugar da afirmação de verdades absolutas. O que mais tem marcado a arte é justamente a diversidade das formas. No Brasil não é diferente do restante do mundo, um exemplo claro dessa diversidade são os grafiteiros e pichadores – o que eles fazem é uma arte que tem sido usada como exemplo até no exterior, mas nem todos concordam ou acham bonita essa arte. Talvez a melhor maneira de definir arte seja como trabalho criado para ter algum tipo de efeito, tanto aos olhos do público como aos do próprio artista. Hoje o artista é um profissional livre, mas que produz uma mercadoria e precisa, como os demais, sobreviver. A estrutura de compra e venda de obras foi incrementada com instâncias que mediam e orientam o comprador. Atualmente, galerias, revistas especializadas, a crítica de arte, os curadores e os museus são elementos que atuam entre público e o artista.
A personagem Simone (Ingrid Guimarães) faz essa ponte entre o “artista” e o público. É através dela que as inocentes pinturas do macaco ganham destaque e valor de obra de arte. As relações sociais influenciam a forma como o produtor ou o autor de uma obra é visto, entre os produtores de arte e os consumidores, permitindo formar-se uma imagem/opinião acerca do objeto artístico, baseada não tanto nas propriedades intrínsecas do objeto como na posição ocupada pelo produtor. A escolha da arte contemporânea está nesta investigação relacionada com o fato de se considerar um dos mercados onde o valor é mais difícil de determinar. Walcyr, enquanto autor, ao colocar em jogo um macaco enquanto criador de obras de arte levanta essa discussão que está sempre em pauta.
BORDÕES
A galeria de bordões da novela é enorme, eis alguns:
"Não me absorva, Fabiano" (Ivonete - Suzana Pires)
"Deus é mais!" (Fabiano - Fábio Lago)
"É a Treva!" (Bianca - Isabelle Drummond)
"Choquei!" "Tô rosa chiclete" (Cássio - Marco Pigossi)
"E eu, sou fraca?" (Lili - Maria Clara Gueiros)
Dentre todos os destaques, brilharam: Flávia Alessandra, Malvino Salvador, Deborah Evelyn, Isabelle Drummond, Elizabeth Savalla, Ingrid Guimarães, Marco Pigossi, Marcos Pasquim e óbvio a macaca Keith (Xico). Com cerca de 60 personagens, “Caras & Bocas” tinha uma narrativa rápida, como a de seriados. Com isso, as tramas se resolviam em uma ou duas semanas e todos os núcleos paralelos tinham destaques, assim como a trama central. Esta agilidade permitiu que a novela tivesse fôlego de durar 232 capítulos e cerca de nove meses no ar. Assista e se divirta com esse humor genuinamente brasileiro misturado a todas as cores da aquarela folhetinesca.
Abraço.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

VOU SENTIR SAUDADES: American Horror Story – COVEN



Logo nas chamadas e teasers promocionais eu me apaixonei e como já conhecia a série, criei grandes expectativas pra essa temporada, ainda mais que ela trazia a telinha um tema que eu curto desde sempre: Bruxas. Intitulada COVEN (tradução: Clã), a terceira temporada de AHS teve de tudo um pouco. 

Dessa vez, os criadores Ryan Murphy e Brad Falchuk resolveram apostar na força e carisma das descendentes do julgamento de Salém e acertaram em muitos quesitos, como: texto bem construído e recheado de ironia, direção com atmosfera mística e o elenco já conhecido, porém nada saturado. Fomos avisados de que esta seria uma temporada mais “leve” e realmente foi se comparada à anterior (Asylum), porém as entrelinhas revelavam filosofias macabras de reflexão sobre as coisas mais simples da vida, como exemplo, o simples ato de respirar. Há quem diga: “Mas, não era pra assustar?”. Não, o objetivo não é assustar. Provocar medo é uma atribuição exclusiva do gênero TERROR, que se opõe diretamente ao HORROR, que tem como objetivo chocar na maioria das vezes por meio de atitudes das personagens.

A história começa com Fiona (Jessica Lange, sempre ótima) lutando para superar a velhice. Ela é a líder do clã residente na Academia Robichaux, em Nova Orleans, dirigida pela filha dela, Cordelia (Sarah Paulson, sua linda). Fiona é a Suprema do clã, a mais poderosa, e com o passar do tempo, conforme a velhice lhe toma, seu título deverá ser passado para outra bruxa do grupo. Ela, movida pela vaidade e pelo orgulho, não quer “passar a faixa” e quando retorna para matar sua substituta, desestrutura ainda mais o já esmigalhado clã que devia estar liderando.


Coven contou de forma honesta e crua uma história sobre o veneno chamado poder. Não darei spoilers, muito menos detalhes do último episódio, pois tem muita gente que merece assisti-la. Sou suspeito pra dizer, porque sou fã de textos de humor ácido, negro e com muitas referências culturais. Sim, COVEN teve consideráveis deslizes, como toda série tem, mas nada que comprometesse a qualidade final do produto. Com um correto e coeso final, de um jeito ou de outro, COVEN foi um feitiço ao qual ninguém passou despercebido. Abraço!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

ATRASADO, MAS TÁ VALENDO: NOTINHA - "AMOR À VIDA"


E aí gente bonita, tô de volta depois de uma temporada de férias, pronto para mais uma jornada nesse dedilhar gostoso de ideias que é ser blogueiro. Pra começar, eu gostaria de fazer uma pequena notinha sobre o fim de AMOR À VIDA; não farei meu habitual texto com apontamentos, mas uma listinha mesmo.
Pois bem, a desgovernada (porém, popular) novela de Walcyr Carrasco já se foi deixando alguns personagens e cenas marcantes para serem vistos no túnel do tempo do Vídeo Show, daqui a uns 10, 20 anos (se o tal programa porre ainda existir). Carrasco caminhou por uma estrada tortuosa que passava pelo pastelão e pelo dramalhão mexicano, conseguindo de um jeito ou de outro fazer barulho. Com alguns finais realmente previsíveis, não quero destacar os erros, mas aqui vão os pontos que merecem meu TROFÉU CURTI:
- Vilã Eletrocutada: Aline fritou que nem muriçoca (mosquito, pernilongo, bicho, picador...) na raquete elétrica. Cena muito bem feita. Confesso que vou sentir falta da Aline (s2) fazendo maldades com aquela cara de cabocla dela.
- Antonio Fagundes: César vai ficar pra sempre na minha memória, assim como o "Rei do Gado" ficou. Fagundão é fodão.
- Linda: Mesmo aparecendo pouco na trama, Bruna Linzmayer encantava ao exibir seu belo par de olhos numa belíssima interpretação. A última cena de Linda foi linda (BÁ-DUM-TIS!).
- Tetê Para-choque Para-lama: Preciso falar que Elizabeth Savalla também é fodona? Preciso sim, pois talento tá aí pra ser visto e elogiado. Com a performance do "Cassino do Chacrinha" ela divou como sempre.
- Última Cena: Só de não terminar com o take nos protagonistas e com a habitual legenda "FIM", já valeu. O que ninguém esperava era uma cena tão tocante, tão singela e profunda como aquela. Porra! Pessoal aqui de casa chorou! Parabéns ao Fagundão e ao Solano pelo belíssimo trabalho.
Vou nem colocar o beijo do Felix e do Nico na lista porque eu acho que só serviu mesmo pra quebrar um tabu da globo. Uma prova de que o Brasil é atrasado ainda (#OdeteRoitmanFeeling), porque nos filmes e séries estrangeiros isso já virou até clichê.

E parabéns ao Carrasco, né? Passar 221 capítulos de uma novela sentado na frente de um PC escrevendo 40 páginas de roteiro por dia, né brincadeira não moleque! Gosto assim, guerreiro! É vida de roteirista... Então é isso, galera. Depois eu volto pra falar o que achei da nova trama carioca do "Cumpadi" Maneco. Abraçaço!