"A vida humana é uma
provação, e a adversidade é o lugar de honra" (Hughes)
Você sabe quem foi John
Hughes? Provavelmente assim de nome não. Mas, te garanto que ao longo da sua
vida, ele já te proporcionou momentos únicos em frente a televisão. Durante
muito tempo ele se fez presente na Sessão da Tarde (GLOBO) e Cinema em Casa (SBT),
isso claro, quando esses dois programas ainda eram relevantes. Falando em
relevância, essa palavra define muito bem o que John Hughes representa pra cultura
Pop. No que diz respeito à juventude oitentista, ele foi um dos poucos diretores/roteiristas
a falar com tanta propriedade da vida adolescente, e talvez o único a conseguir
retratar tão bem essa fase da vida. Diria que seus filmes são verdadeiros
"formadores de caráter", pelo menos pra qualquer cinéfilo que se
formou desde criança nas locadoras de VHS ou vendo incontáveis e prazerosas reprises
na TV aberta.
Nascido aos 18 de fevereiro de
1950 na cidade de Lansing (Michigan) nos Estados Unidos, foi um menino de
infância fantasiosa, sempre imerso no mundo dos quadrinhos e filmes. Nos anos
1970 começou a escrever humor para a revista National Lampoon, e trabalhou como
diretor de criação em uma agência de publicidade. No início da década de 1980, começou a
produzir roteiros, algumas vezes com o pseudônimo de "Edmond Dantès",
uma homenagem ao personagem principal de O Conde de Monte Cristo. A partir de agora apresentarei as
principais obras de John em ordem cronológica, pra te ajudar a montar uma
listinha, assim quando você for assistir poderá comparar suas obras em diversos
aspectos, principalmente em evolução de estrutura e linguagem. Let's go!
GATINHAS E GATÕES (1984)
Samantha
Baker (Molly Ringwald), uma adolescente de 15 anos, sonha em namorar o garoto
mais popular da escola que infelizmente namora outra. Para piorar, um garoto
nerd começa a assediá-la. Além disso, em virtude do casamento de sua irmã mais
velha, seu aniversário de 16 anos é totalmente esquecido. Gatinhas & Gatões é um exemplo de comédia que diverte sem precisar de escatologias, e que
ensina sem precisar de sermões. É um filme temático, mas nem por isso
segmentário, consegue ser atemporal e inovador.
CLUBE DOS CINCO (1985)
Cinco
adolescentes são colocados de castigo na escola por causa de pequenas
infrações. O castigo consiste em escrever uma redação contendo mil palavras
sobre o que eles acham de si mesmos. Agora juntos, eles começam a se conhecer,
fazer confissões e aceitar seus limites e diferenças. É uma obra-prima
tipicamente dos anos 1980, bem dosada em cima de temas que jamais perderam sua
relevância, independente de sua época. Mais do que um filme adolescente,
é um ensaio sobre as implicações da época mais complicada e intensa da vida.
MULHER NOTA MIL (1985)
“Se você não consegue arrumar uma garota, faça uma!”. Essa é
a premissa do filme. Gary Wallace e Wyatt
Donnelly são dois adolescentes impopulares com as garotas. Eles resolvem criar
no computador de Wyatt a mulher que eles acreditam ser perfeita. Uma tempestade
dá vida a ela, que é batizada como Lisa. Lisa é sexy, bonita, determinada, fiel
aos seus criadores, mas com modos que deixam os que cruzam o seu caminho
desconcertados. Entretanto, problemas começam a ocorrer quando o implicante
irmão mais velho de Wyatt, Chet, sente que algo está estranho. Situações
malucas e algumas reflexões acerca de auto-confiança e amadurecimento te
esperam.
A GAROTA DE ROSA SHOCKING (1985)
A
estudante Andie Walsh (Molly Ringwald) é uma
garota pobre que tem uma queda por um garoto rico, um dos preppys em sua
escola, Blane McDonough. Quando Andie e Blane tentar ficar juntos, eles
encontram a resistência de seus respectivos círculos sociais. Andie vive
"do lado oposto dos trilhos" com seu pai subempregado. O melhor amigo
de Andie, Duckie (Jon Cryer), é apaixonado por ela, e devota
sua vida à Andie. Na escola, os dois são perseguidos pelos amigos de Blane, os
arrogantes chamados "riquinhos", Benny (Kate Vernon) e Steff (James Spader). Andie trabalha na TRAX, uma loja de música New Wave, gerida por sua
velha amiga e mentora Iona (Annie Potts) que a aconselha a ir ao seu
baile de formatura, apesar de não ter um par. Esse filme, John não dirigiu,
apenas roteirizou e imprimiu um tom um tanto feminista, apesar do romance
"menininha" que conquista sem grande esforço quem o assiste.
CURTINDO A VIDA ADOIDADO (1986)
No último semestre do curso do colégio, Ferris Bueller
(Matthew Broderick) sente um incontrolável desejo de matar a aula e planeja um
grande programa na cidade com sua namorada (Mia Sara), seu melhor amigo (Alan
Ruck) e uma Ferrari. Só que para poder realizar seu desejo ele precisa escapar
do diretor do colégio (Jeffrey Jones) e de sua irmã (Jennifer Grey). A
obra prima máster de John, onde ele imortalizou seu estilo e sua alma. Se você
nunca assistiu, não pode morrer sem o fazer!
ANTES SÓ QUE MAL ACOMPANHADO (1987)
Neal Page, um carrancudo publicitário,
está retornando de Nova
Iorque para Chicago, a
fim passar o feriado de Ação de Graças com sua família. No
entanto, em seu caminho de volta para casa ele esbarra com Del Griffith, um
vendedor de anéis de cortina, que transformará a viagem de Neal em um
verdadeiro inferno. Bem recebido pelo público e crítica, o
filme revitalizou as carreiras de Martin e Candy, à época, ambos em baixa. A trilha sonora do
filme, assim que foi lançada nas lojas, esgotou-se em poucas semanas. Hilário!
ELA VAI TER UM BEBÊ (1988)
Jake Briggs (Kevin Bacon) e Kristy (Elizabeth McGovern) se
conhecem desde a infância. Hoje, são casados, e a vida de casados que
planejavam e com a qual sonhava se tornou uma rotina de problemas. Contudo, uma
notícia promete transformar o seu dia-a-dia, o nascimento de um bebê. John Hughes parte pra um tema mais adulto, mas é
só de fachada, no fundo o filme é sobre, como ele mesmo nos ensinou, nunca
deixarmos de ser meros adolescentes nessa vida.
QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO (1989)
Tio Buck (John Candy) é um homem cheio de defeitos, mas assim
como em todos os filmes de John Hughes, ele tem qualidades fundamentais no universo "hugheniano",
Buck tem princípios, não tolera gente preconceituosa e respeita as crianças. Seu irmão, Bob (Garrett
M. Brown), sabe dos defeitos de Buck, vagabundo, descompromissado e enrolado,
mas para desespero da esposa de Bob, Cindy, eles terão que chamar Buck para
tomar conta das seus filhos (duas crianças e uma adolescente), porque terão que
viajar pra Indianópolis por causa do estado de saúde do pai de Cindy. Uncle Buck faz parte
do acordo de Hugues com a Universal para a produção de 3 filmes. É a trilogia
da vida adulta, Antes só do que Mal Acompanhado, e Ela vai ter um Bebê completam
a série.
A MALANDRINHA (1991)
Após uma noite de farra, Bill Dancer
(James Belushi) encontra na porta de sua casa um bebê abandonado. Ele faz o que
pode para criá-la e, 9 anos depois, Curly Sue (Alisan Porter) o ajuda em seus
pequenos golpes. Os dois vivem mudando de cidade e, ao chegarem em Chicago,
tentam aplicar um golpe em Grey Ellison (Kelly Lynch), uma conhecida executiva
de uma empresa de advocacia. Eles fazem com que Grey pense que atropelou Bill,
visando ganhar um jantar, mas ela acaba se envolvendo com ambos e muda suas
vidas. Bem leve, pra descansar a mente e se divertir!
A carreira de John não pára por aí, a lista de trabalhos é um
tanto extensa pra se falar de cada filme, porém não posso deixar de comentar
que ele é o responsável por roteiro/produção de mais filmes inesquecíveis como:
FÉRIAS FRUSTRADAS (TRILOGIA), ESQUECERAM DE MIM (1, 2 E 3), BEETHOVEN (1, 2 e 3),
MILAGRE NA RUA 34, 101 DÁLMATAS, CONSTRUINDO UMA CARREIRA, ALGUÉM MUITO
ESPECIAL, entre outros.
Já
assistiu o filme "A Mentira" (Easy A), com a Emma Stone? No filme, a
personagem de Emma, Olive, em uma hora fala uma frase que eu concordo
totalmente: "Apenas
por uma vez, eu queria que minha vida fosse como um filme dos anos 80. Mas não,
John Hughes não dirigiu a minha vida". Esse sentimento é algo totalmente
compreensível se você assistir aos filmes de Hughes e se perceber ali, em algum
personagem, situação, música, roupa, gosto particular, enfim... Viva John
Hughes, o herói de uma geração eterna chamada juventude!