Para quem não sabe ou não se lembra,
o título desse post é o mesmo de uma novela mexicana exibida com muito sucesso
no início da década de oitenta pelo SBT, porém ela não é o assunto que me faz
escrever hoje. O real motivo do meu dedilhar de teclado nessa noite é a atual situação
do horário nobre global. Pois bem, todos devem saber que barracos tem aquele
poder de fazer as pessoas pararem o que quer que estejam fazendo para se
dedicar exclusivamente a posição de expectador do mesmo (ainda mais se a briga
for de mulher) e com "Amor à Vida" não é diferente. Em sua estreia, eu fiz um post
felicitando a novela por todas as inovações temáticas, texto e direção, mas
depois de tantos elogios a família Marinho decidiu esticar mais a trama que
estava dando ibope bem legal. Resultado: Walcyr Carrasco - conhecido do grande
público por gostar de barracos em suas novelas vide "Xica da Silva",
"O Cravo e a Rosa", "Chocolate com Pimenta", "Caras
& Bocas", todas sucessos de público e crítica - teve praticamente que
criar uma nova sinopse para tapar os buracos e suprir mais um mês de exibição
do produto, causando uma certa "barriga" (termo utilizado pra definir
o estacionamento da novela).
Desde que estreou,
"Amor" vem nos trazendo a sensação de estarmos assistindo uma
daquelas novelas da televisa em pleno horário nobre global. Graças a um texto
super teatral (característica forte de Carrasco) elenco e direção (maravilhosos)
mergulham de cabeça, indo do humor "zorra total" ao drama "Inés
Rodena". "Amor" sempre teve um pé no dramalhão mexicano dando
direito inclusive a diálogos terríveis também, que de tão líricos dão a
sensação de terem sido escritos por Glória Magadan. Mesmo com tudo isso, nada
consegue estragar a beleza do que Walcyr construiu até aqui, pois se tem
críticas a que se exaltar também que ele é fera em criar tipos carismáticos e
conduzir tramas sem se perder ainda que com vários personagens que aparecem uma
vez no mês (rs).
Voltando aos barracos, que é
afinal o foco aqui, não tem como não deixar de falar do capítulo de (18/11),
quando César se vinga de Félix e revela que foi ele o causador de todo o drama
envolvendo Paulinha. Inesquecível, e acho que será a melhor cena da novela
inteira graças ao texto sublime do Walcyr e ao elenco afiado. Mateus Solano foi, óbvio, o destaque
maior no time das estrelas e COM CERTEZA ninguém nunca vai esquecer Félix
Khoury, pois o personagem é "carismaticamente insuportável". Paolla Oliveira
mostrando que não é só um rostinho bonito de novo; Malvino Salvador contido mas
correto; Suzana Vieira sempre ótima; Antonio Fagundes impecável; Vanessa
Giácomo deliciosa (literalmente rsrsrs); Natália Timberg gloriosa; Elizabeth
Savalla um show; Thalles Cabral... pelo
menos não atrapalhou (hahah); Gláuci Gomes fez tudo direitinho.
Nem preciso dizer que a cena
bateu recorde de audiência e repercussão nas redes sociais, né? Ah, se todo dia
tivesse um capítulo bom como esse, porque o Walcyr gosta de dar uma enrolada, gosta
de fazer um "prepara", mas quando ele vem pode sentar e assistir com
gosto! A próxima "taca" da novela será na Aline e a boxeadora será
Paloma novamente. É "Amor à Vida" nos mostrando que os ricos sofrem,
choram rios e sentem-se infelizes, talvez até mais do que os pobres (cada caso
é um caso). A teledramaturgia que vem sendo tão criticada e trocada pelos
enlatados, ainda tem força, história, talento e fôlego para manter-se viva!
Falem o que quiser, mas televisão é cultura, não importa se lixo ou luxo! E
mais uma informação para você que lê este humilde texto: A telenovela é uma das
influências econômicas do país. Não é só a globo que vai a falência se elas
acabarem, o país quebra visível e consideravelmente. Existe muito mais por trás
das telenovelas do que se imagina, grandes investimentos, grandes pessoas,
grandes contratos, segredos que "ninguém" sabe e nunca vai saber.
Abraço.