terça-feira, 1 de outubro de 2013

!MÉXICO GOSTOSO!



Você sabe quem é Inés Rodena? Provavelmente não. Acho que posso dizer que COM CERTEZA você deve ter assistido algo dela na TV, mais precisamente na emissora do baú. Essa mulher que você nem sabia que existia fez parte da sua vida (enquanto telespectador) e eternizou na sua memória personagens marcantes. Será que existe uma pessoa nessa vida que não tenha balançado os ombros, batido os pés ritmicamente no chão, ou mesmo cantarolado ao escutar o refrão "Y a Mucha Honra" (tãm tãm tãm) ??? Ou torcido pela felicidade de gêmea boa enquanto se deleitava com as caras e bocas da gêmea má??? Se essa pessoa estranha existir me avisem que quero entrevistá-la e mandar pros laboratórios suíços estudarem!

Inés Rodena foi uma escritora e dramaturga cubana, que colaborou com o rádio e TV, doando o seu talento para a dramaturgia latina. Sua paixão por escrever nasceu depois de trabalhar como enfermeira e conviver com diversas histórias, as quais registrava em um caderno. Com o recente sucesso das tardes mexicanas do SBT, resolvi fazer esse post homenageando-a comparando duas de suas obras mais famosas, que provaram sua versatilidade e a consagraram mundo a fora. Eu estou falando das novelas MARIA DO BAIRRO e A USURPADORA.




Os dois maiores êxitos da televisa dividem com DA COR DO PECADO (João Emanuel Carneiro) VAMP (Antonio Calmon) e A ESCRAVA ISAURA (Gilberto Braga), o título de produtos teledramatúrgicos mais vistos do globo. A primeira conta o drama da última sofredora da "trilogia das Marias", que é composta por MARIA MERCEDES e MARIMAR. O conto de fadas mexicano tem todos os elementos clichês da boa e velha história da moça pobre, que se apaixona pelo príncipe e tem que enfrentar a bruxa má para poder consumar esse amor. Porém, o diferencial é a forma de contar, que abusando dos exageros consegue prender o telespectador nas idas, vindas e reviravoltas da protagonista bem sucedida vivida inesquecivelmente por Thalía. Maria é uma pobre moça que sobrevive catando papel no lixão e perde a sua tia, ficando sozinha no mundo. Quando é adotada por Fernando Dela Vega (Ricardo Blume), e vai morar na mansão da família onde é mal recebida pela esposa do magnata, Vitória (Irán Eory), que não aceita dividir o teto com uma "imunda". Juntando-se à tia, Soraya (Itatí Cantoral) também abomina a "Marrrginaaal!!!". 


Luís Fernando (Fernando Colunga), o filho galã, que está desiludido do amor, volta para casa e por não simpatizar com a moça decide brincar com os sentimentos dela, vingando-se por também ter sido enganado por uma mulher. Ele não imaginava que se apaixonaria de verdade pela inocente catadora, que depois de alguns anos se tornaria uma Senhora Dela Vega, digna do respeito de todos que a odiavam, menos de Soraya é óbvio, que sonhava em se casar com Luís e somar sua fortuna à da família. A partir daí, todos já sabem de cor e salteado o que acontece com Maria. Trilha sonora "daquele jeito" e coadjuvantes interessantes garantiam o suporte necessário para que todos os personagens brilhassem em vários momentos, não importando o seu grau de relevância na trama... quem não se lembra da fofoqueira e insuportável doméstica da família Dela Vega, Carlota (Rebeca Manríquez)?MARIA DO BAIRRO é uma incansável história, que sempre conquistará a todos que tiverem o coração açucarado

Já a segunda, é bem mais adulta e cheia de nuances. Um texto denso e caricato faz de  A USURPADORA um cult das telinhas. O dramalhão das gêmeas interpretadas por Gaby Spanic conquistou o público brasileiro em cheio na emissora do seu Sílvio, chegando por muitas vezes a incomodar a toda poderosa da família Marinho.A trama começa quando Paola em uma de suas viagens extraconjugais num cruzeiro, nota a sua semelhança com a camareira Paulina e a vê como uma oportunidade de escapar da insuportável vida que leva casada com Carlos Daniel (também de Fernando Colunga), a quem não ama e só exibe como troféu.  A malvada arma para que Paulina aceite se passar por ela durante um ano, enquanto viaja o mundo sugando luxos de seus inúmeros amantes. Paola acusa Paulina de ter roubado sua pulseira valiosíssima, deixando a boazinha desempregada e sem ter como ajudar a mãe doente. Então o trato se concretiza: Paola retira a queixa e deixa Paulina livre para ajudar a mãe (que morre tempinho depois revelando em  carta que elas são irmãs), mas em troca ela terá que substituí-la, aprender o jeito Paola de ser. Porém a chegada da falsa Paola na mansão é cheia de estranheza, já que o perfil doce de Paulina fala mais alto. 
Então no desenrolar da trama, enquanto Paola está viajando, Paulina se depara com uma família deficiente, boa parte disso por culpa da gêmea má e determina-se a colocar tudo no seu devido lugar, inclusive reerguendo a Fábrica Bracho, conquistando o respeito de Piedade (Libertad Lamarque), a matriarca, e a confiança de um por um, lutando para reprimir o amor que brotou em seu coração pelo marido da irmã. Mas, nem tudo são flores e Paola volta para infernizar novamente a vida de todos, começando por Paulina, a usurpadora. A mulher é tão ruim que mesmo entrevada numa cadeira de rodas consegue acabar com a paz que reinava entre todos. Um novelão que consagrou Gaby Spanic e se tornou tão popular quanto o sucesso tupiniquim MULHERES DE AREIA (de Ivani Ribeiro), que a propósito, ganhará um remake mexicano protagonizado pela eterna usurpadora. Esperamos que ela se saia tão bem quanto Eva Wilma em 1973 e Glória Pires em 1993, na pele de Ruth e Raquel.
VILÃS


Impossível falar desses clássicos sem destacar as víboras. As vilãs criadas por Inés Rodena nessas duas histórias, foram um show à parte. Cada uma ao seu estilo, Soraya Montenegro e Paola Bracho dividem o 1º lugar no ranking  das melhores (ou piores?) vilãs da teledramaturgia mexicana. A primeira, psicoticamente obsessiva, atazanou Maria e Luis Fernando, matou a própria mãe, usou Nandinho como seu brinquedo sexual e humilhou uma pobre "Aleijadaaa!!!", depois morreu carbonizada. Já a segunda, diabolicamente sexy, chantageou a irmã, sumiu do mapa, voltou e mandou a coitada pra prisão por falsidade ideológica, atentou o juízo dos Bracho, simulou paraplegia, dissimulou como o diabo, e arriscando a própria vida para matar sua enfermeira comparsa (queima de arquivo) acabou morrendo no hospital. Um detalhe em comum é que as duas fazem uso de uma risada maléfica. Paola também se destaca pelos seus carões e frases como "Os mortos não falam queridinha". E as aberturas bregas? São quase que personagens essenciais das tramas, deixam uma sensação de vazio quando não são exibidas no capítulo.


Duas novelas que por mais que sejam ótimas, não tem a mesma graça (pelo menos pra mim) se forem vistas no idioma original. A dublagem de ambas é marcante e insubstituível. Dois clássicos internacionalmente premiados da TELEVISA que o SBT sabe aproveitar muito bem, usando como verdadeiras armas contra a baixa audiência (mesmo que a exaustão), tática que sempre dá certo e acaba com a alegria das concorrentes. Agora você já sabe quem é Inés Rodena, essa grande escritora que te fez  viajar no mundo do dramalhão mexicano, cheio de clichês como amores proibidos, a pobre que fica rica, a vilãzona caricata, a mansão da realeza, os desencontros intermináveis... Eita México gostoso! Arriba! hahaha.
Abraço.