A literatura é uma forma de arte que traz fatos históricos, que podem estar explícitos
ou implícitos nas obras. Portanto, para analisar uma obra literária é
necessário pesquisar o período em que a obra se passa e o comportamento social
naquela época, para assim compreender os seus personagens e os acontecimentos
do enredo. Nas obras de Shakespeare encontramos características do período
Renascentista. Na peça A Megera Domada especificamente, Shakespeare expôs a
submissão da mulher, fato que era muito comum na época. A obra pode ter duas
interpretações diferentes. Shakespeare poderia simplesmente ter sido
influenciado pelo período em que vivia e teria relatado os fatos de maneira
cômica. Outra hipótese é que o autor escreveu a peça para ridicularizar o
machismo e a submissão feminina.
A comédia de Shakespeare conta a história de
Lucêncio, um rapaz que visita a cidade de Pádua com seu criado, Trânio, para
buscar os conhecimentos que só a universidade poderia lhe dar. Mal chega na
região e o destino o faz encontrar Batista, um nobre senhor, junto com suas
duas filhas Bianca e Catarina. A primeira, delicada e rodeada por pretendentes, logo lhe chama atenção e o faz cair de amores. Porém, Lucêncio descobre
que, além de ela já ter mil homens aos seus pés, conquistar Bianca requer derrubar um baita obstáculo: sua irmã mais velha Catarina, uma
mulher ranzinza e tempestuosa, motivo de dor de cabeça para o pai. Devido a
personalidade "única" da filha, Batista decide que só quando Catarina
estiver muito bem casada Bianca poderá namorar e enlaçar o seu próprio noivado.
E é a partir desse cenário que Lucêncio - e todos os outros capachos de Bianca
- procura um jeito de casar Catarina. O jeito? Um cara bruto, com boa
vontade e muita, MUUUITA paciência: Petruchio, um grosseirão que anda
precisando de dinheiro. Eu diria que essa história foi o início do quase sempre eficaz casal "Gato e Rato", "Morde e Assopra", "Tapas e Beijos", etc.
Shakespeare era um autor à frente de seu tempo e que
procurava mostrar seus ideais em suas obras e com seus personagens marcantes.
Em A Megera Domada, ele utilizou a voz de Catarina para expressar a sua
oposição em relação à sociedade renascentista, inspirando-se no poder e
autoridade da Rainha Elizabeth I. Porém, o autor não podia fazer peças que
fossem totalmente contra a sociedade da época, pois as obras não teriam boa
recepção. Desse modo, ele utilizou sua famosa ambiguidade e sua ironia criticando
a sociedade renascentista sem ser banido. Catarina é considerada uma megera por
ir contra todos os paradigmas da renascença, e mesmo se casando deixa claro nas
entrelinhas que finge ser domada para domar.
AS MEGERAS
Muitas são as
adaptações do original de Shakespeare, porém poucas conseguiram repercussão
internacional como as três citadas a baixo. Cada uma a seu estilo e época,
foram responsáveis por marcar a história do Cinema, da TV ou mesmo a carreira
dos profissionais envolvidos.
Na versão de
Zeffirelli "A MEGERA DOMADA", Catarina recebe uma representação
grandiosa de Elizabeth Taylor, com direito a sutis toques de ironia no discurso
final numa atuação irretocável junto ao marido Richard Burton, que até hoje é
considerada uma das melhores de sua carreira. Vale muito a pena ver a película
de 1967.
Ainda
engatinhando em Hollywood, Julie Stiles estrelou o sucesso "10 COISAS QUE
EU ODEIO EM VOCÊ", uma versão jovem e repaginada na qual contracenou com o
saudoso Heath Ledger. Transbordando anos 90, esse filme já virou um clássico
adolescente e Julia como a anti-social "Cat" ainda hoje é lembrada com muito
carinho.
"Jura,
jura..." Quando esse samba começa a tocar imediatamente me vem à cabeça
imagens de um casal brigando em preto e branco. Dirigida pela "mão de
ferro" de Walter Avancini, Adriana Esteves deitou e rolou no texto
delicioso de Walcyr Carrasco em "O CRAVO E A ROSA", deixando sua
marca entre juras, arremesso de vasos (ou qualquer objeto quebrável) e rugidos
felinos dentro da ótima química com Eduardo Moscovis.
#ShakespeareÉVida #Abraçaço