"Não existe somente
bem e mal, preto e branco. A vida é muito mais que isso, ela é cheia de
possibilidades". (Angelina Jolie)
Com essa frase inspiradíssima eu começo a dissertação sobre o filme que vi neste domingo: Malévola. Releituras com novas versões de histórias clássicas vem ganhando força no cinema de uns tempos pra cá. Já foi a Chapeuzinho, a Branca de Neve, e agora, a Bela Adormecida. Uma das mais esperadas estreias de 2014 chega à telona com força total e esbanjando todo o Sex Appeal de Angelina Jolie, que interpreta a personagem título.
Não tem pra ninguém, o filme é da
moça. Mais uma vez provando não ser só um rostinho bonito, a "Srª
Pitt" transborda talento ao encarnar uma das maiores vilãs de clássicos da
Disney, porém a proposta do filme é realmente pôr em debate a índole da
personagem, mostrar seu passado e uma outra vertente da história já conhecida. Malévola, a protetora do reino dos Moors.
Desde pequena, esta garota com chifres e asas mantém a paz entre dois reinos
diferentes, até se apaixonar pelo garoto Stefan. Órfão camponês que ambiciona o trono do palácio apesar do berço onde
nasceu haver virado as costas para seu sonho, e ignorando toda a história de
conflitos que separa seus povos, por ele se apaixona. Porém, ela sequer
desconfia dos planos gananciosos de Stefan que, tendo decepado as asas da fada,
enfim assume o trono.
A Cena do batizado |
Magoada
e fragilizada, Malévola expulsa os cravos do seu coração e com eles cria a
parede de espinhos que protege dos humanos a floresta mágica, agora tomada da
mesma escuridão que desvirtua a protagonista.
Entretanto, é ao saber do
nascimento da filha do rei, Aurora (Fanning), que Malévola põe em prática sua
vingança e a amaldiçoa ao sono eterno logo após completar 16 anos. Sob a
proteção de três fadas (Staunton, Manville e Temple), Aurora amadurece aos
olhos de Malévola que, surpreendentemente, afeiçoa-se da adorável princesa a
ponto de tentar revogar sem sucesso a maldição lançada. Enquanto isso, o obcecado
Stefan organiza um ataque definitivo à floresta… que
nunca acontece.
A Malévola do clássico de 1959 |
A direção está
interessante e bem devota de Jolie que, aliás, quando
não está exibindo-se sensualmente de boca entreaberta e desfilando o figurino
caprichado, abraça tantos sentimentos díspares (deboche, ressentimentos, dor,
sofrimento, arrependimento etc) e os expressa com rigor matemático impressionante. É difícil prestar
atenção em outra coisa quando se tem aquele bocão te "seduzando"
ainda que seja involuntariamente.
Elle Fanning (que ainda sofre com o estigma
de ser "a irmã da Dakota Fanning") faz o que pode com o papel raso da
princesa inocente, mas demonstra as características que fazem dela uma das
promessas da nova geração. Algumas coisas me deixaram meio, sei lá... tipo:
Porque uma garota doce, prestativa e benevolente teria o nome de Malévola ainda
criança? Tudo bem que ela tem chifres e tals, mas.... Melhor não procurar
cabelo em ovo. E o Rei Stefan, passou 16 anos tramando vingança contra a Fada "má"
pra no clímax aparecer só com uma rede e três dúzias de escudo de ferro...Tipo,
oi? Vale ressaltar também o ótimo tema "Once Upon a Dream", que ficou melancolicamente macabro na linda voz de outra boca sexy, Lana Del Rey.
Elle Fanning |
Malévola é uma ótima diversão e oportunidade pra
ver a triunfal volta de Jolie depois do hiato de quatro anos. O cinema está
virando um lugar de retóricas vazias, todo mundo se acha crítico, inclusive eu.
Porém, é melhor seguir ao pé da letra a real intenção da sétima arte, o nome já diz:
"ENTRETENIMENTO".